domingo, 21 de fevereiro de 2010

INACREDITÁVEL!!!!

Postado no Jornal Alô Brasília (clique aqui)
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PROMOÇÃO DE CARNAVAL:
ESQUARTEJE UMA CRIANÇA
E
VÁ PARA SUÍCA!
Nos últimos dias, todos os jornais publicaram a notícia de que um tal Ezequiel Toledo de Lima, por ordem do Juiz da Vara de Infância e da Juventude, foi solto no último dia 10 de fevereiro, na surdina pré-carnaval, do Instituto João Luiz Alves, onde cumpria pena. O Juiz ainda determinou que o fulano ingressasse no “Programa de Proteção à Criança e Adolescente”. Mais ainda: através da ONG "Projeto Legal", ele conseguiu embarcar para a Suíça, com garantia de casa, família e identidade novas para recomeçar sua vida. Bacana, não? A turma dos direitos humanos e os defensores do nosso Estatuto da Criança e do Adolescente devem estar adorando...

Mas vocês devem estar se perguntando quem é esse Ezequiel e o que ele fez de tão bom para merecer tanta recompensa e uma passagem para o primeiro mundo. Vou refrescar a memória de vocês: o fulano é um dos animais covardes, sádicos, tão torpes de espírito (se é que o têm), tão maus que nem sei se podem se encaixar na categoria dos seres humanos que participaram, em fevereiro de 2007 ( portanto há apenas três anos atrás) do assassinato do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, no Rio de Janeiro. Vocês se lembrarão do caso: o coitado do menino foi aquele que foi arrastado por 7 quilômetros pendurado pelo cinto de segurança para fora do carro que os marginais roubaram. Apesar dos gritos de todos por onde os inomináveis torturadores passavam, eles não davam a mínima. Aliás, davam sim:: jogavam o carro de um lado para outro violentamente, batendo em tudo que tinha no caminho para ver se “desgrudavam” o menino do carro. Ele foi sendo destroçado , despedaçado pelo caminho. Os bandidos abandonaram o carro numa rua qualquer com o que restava do corpo do menino morto ainda pendurado. O resto ficou pelo caminho: dentes, vísceras, dedos, orelhas etc. Esquartejamento total.
O crime foi tão bárbaro que os outros envolvidos maiores de idade pegaram respectivamente 45, 44 e 39 anos de reclusão. Menos o gente-fina do Ezequiel. Não, esse não... por ser menor, apesar de já poder votar para Presidente, ele não sabia o que fazia, coitadinho... deve ter sido influenciado pelos outros... afinal, tinha “apenas” cerca de 17 anos na ocasião, e com 17 a pessoinha ainda não sabe o que faz... é uma alma pura e ingênua ainda... tadinho...por isso é justo mesmo o que aconteceu. Enquanto uma criança foi destroçada literalmente e sua família idem, um dos causadores desse horror já está na Suíca, onde será um cidadão do primeiro mundo. Ou seja, valeu a pena!!!
Coincidentemente, é para a Suíça que eu gostaria de enviar minha sobrinha, estudante de cinema, que me ajuda com meus livros, traduções, textos e roteiros. Mas a grana não dá, infelizmente. Até pensei em entrar em contato com esse pessoal da ONG “Programa Legal” para tentar inscrevê-la, mas desisti porque lembrei que ela nunca fez mal a ninguém. Sugeri então a ela que fizesse algo que a qualificasse – tipo roubar, sequestrar, torturar, esfaquear, estuprar, traficar, matar, esquartejar... sei lá, algo que a tornasse digna da bênção de um programa tão bacana. Mas infelizmente ela não consegue fazer mal nem a uma mosca, muito menos a uma pessoa e muito menos ainda a uma criança. É … quem manda? Vai ficar sem sua bolsa de cinema na Suíça e continuar ralando por aqui mesmo, trabalhando de dia para pagar a faculdade à noite. Coisa idiota esse negócio de ser gente de bem!
Bem, mas não adianta chorar sobre o leite derramado: enquanto os vermes digerem o corpo do menino João Hélio, que teve sua vida ceifada de forma tão brutal e horrível, e o sofrimento corrói como um ácido todos aqueles que o amavam, o psicopata que o estraçalhou já está, por conta de nosso governo, de nossa justiça e de uma dessas maravilhosas ONGs que infestam nosso país e o mundo, passeando nos Alpes.
Resumindo: o Estatuto da Criança e do Adolescente do jeito que está, sem uma revisão urgente, tornou-se um manto de proteção da bandidagem. Estamos cometendo um absoluto suicídio social. Não é toa que a sigla do mesmo é ECA – interjeição que denota nojo. É o que sinto – nojo. O nojo é tão grande que me dá vontade de vomitar. Até tento, mas não consigo. Não dá para vomitar a alma.
Postado por José Roberto Cabral em 19/02/2010 - 13:47:00

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Uma experiência de vida

18 de fevereiro de 2010.
Um dia especial para muita gente. Para mim, para minha esposa e para mais de 80 malucos com instrumentos musicais e mais de 40 malucos sem instrumentos musicais. Na verdade um dia especial para mais de 1600 birutas passarem um calorão dos diabos, uma canseira daquelas, um stress que nenhuma maracujina dá conta e uma satisfação que somente quem participa de uma atividade como o desfile (o Corso) alegórico da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul pode sentir.
Tenho um imenso orgulho de ser uma das pessoas lembradas para se estressar de graça. E tenho um imenso orgulho daquele pessoal que aceita esse inferno comigo.
São pessoas muito importantes e que serão muito importantes sempre.
São pessoas que aceitam FAZER alguma coisa, mesmo que um pequeno gesto ou um suador infernal, para mostrar que ser cidadão não é apenas respirar e olhar para o próprio umbigo. Ser cidadão é perceber como é importante emprestar o seu talento, a sua energia, o seu tempo, a sua paciência e a sua alegria para pessoas que estarão lá esperando exatamente por isso.
É muito fácil criticar.
É muito fácil inventar boatos. É mais fácil ainda acreditar neles.
É muito fácil inventar dificuldades.
É muito fácil torcer para que tudo dê errado.
É muito fácil ser ninguém.


MALUCOS DE PEDRA!!!!
Vocês são demais!!!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Cirurgias

Cá estou, de madrugada, nervoso e apreensivo.
Meu pai vai fazer um procedimento cirúrgico.
Vai tirar umas velhas raízes de dentes encravadas que começaram a incomodar.
Pode parecer banal, mas o velho teve dois enfartes e tem 2 "molinhas" no peito, toma uma montanha de remédios e é o cara mais teimoso que eu já conheci, daqueles que podem dizer: "- Teimoso é quem tenta me convencer de alguma coisa..."
Já era pra ter feito esse procedimento há algum tempo, mas ele sempre dizia que não podia, que o médico disse que não podia, que a mãe do badanha tinha dito que não podia. E os dentes quebrando e as raízes encravando.
Até que (há males que vem pra bem) a cara dele inchou, metade do rosto doendo (e devia estar doendo bastante, porque ele pediu ajuda) e aceitou a sugestão de ir no plantão.
Isso (ir no plantão) é um inferno: ele tem plano de saúde partiucular, paga uma fortuna todo mês, e só vai quando a situação fica insuportável.
Desta vez estava. O médico tentou ajudar, prescrevendo alguns remédios que não causariam maior problemas a já enorme lista de medicamentos que ele toma. E também recomendou que a visita a um dentista era muito necessária.
Só assim ele aceitou.
Nos dois anos ou mais que ele começou a se queixar dos dentes, a simples idéia de visitar um dentista era rechaçada com gritos e discursos inflamados sobre "não poder, porque tenho problemas de coagulação!"
Até que não deu mais.
Até que não pode mais comer.
Até que não pode mais nem falar direito.
Por acaso, na mesma hora em que ele estava saindo do exame, um amigo meu, dentista experiente e competente, me ligou pedindo um apoio na avaliação de dois programas para o seu consultório.
Marcamos um horário no dia seguinte.
Sob protestos, meu pai foi de arrasto.
Boca (e o que restou dela) examinada, radiografia panorâmica feita, aguardamos alguns dias para o diagnóstico: fazer o procedimento no consultório ou baixar hospital e contactar um especialista em cirurgia buco-maxilo-facial?
Passaram-se os dias, e o o doutor me liga e avisa: "- Tá feio! Mas eu posso fazer. Só preciso conversar com o médico dele."
Mais alguns dias, e vem a liberação do cárdio.
Apesar de fraca, ainda há resistência. E protestos.
Mas hoje, acompanho ele ao consultório e vamos resolver esta parada.
E o velho vai me atazanar a vida por muitos anos ainda.
-*-
Porque, depois de tanto tempo sem escrever, coloco este assunto familiar aqui?
Simples.
Por uma questão de "macheza", muitos homens acabam morrendo simplesmente por achar que são indestrutíveis, que não são imunes a doenças e que só os outros ficam doentes e morrem.
Percebi isso no meu pai. Passou uma semana enfartado e não queria dar o braço a torcer.
Percebo isso em mim. Estou tentando arduamente mudar meu comportamento. É difícil.
Percebo isso pelos meus amigos: ninguém dá bola pra tontura, dor de barriga, sangue no nariz. Claro que quando estoura a bomba, todos vão atrás.
As mulheres, ao contrário, estão sempre em contato com médicos.
De todas as especialidades.
E sabem indicar um bom otorrinolaringologista que uma amiga comentou que é muito competente.
As mulheres tem uma agenda anual de consultas. E seguem a agenda. Como as estações do ano.
Inexoráveis.
E quando não conseguem fazer a consulta no dia correto, ficam perdidas e irritadas.
Voltando à "macheza", depois de muitos exames e controles descubro que:
  • tenho asma (bronquite asmática conquistada através de 10 anos de fumante direto e 20 de fumante indireto) e preciso tomar uma medicação específica e tomar diversos cuidados
  • tenho depressão (é, sou praticamente um doido de pedra) e preciso tomar uma medicação específica e tomar diversos cuidados
  • tenho alguns problemas de retenção de líquido (aquele pé inchado que não cabe no sapato) e preciso tomar diversos cuidados e tomar um certo diurético quando a coisa complica
  • tenho sobre-peso ("sobre-peso" é uma expressão bacana, usada pra te dizer algo como "- Bah! Meu! Mas tu tá gordo como um porco!" de forma educada) e preciso tomar diversos (e difíceis) cuidados
  • ainda não tenho problemas circulatórios graves, mas devo pensar no futuro. Minha pressão está subindo.
  • um dia terei que fazer o famigerado exame de próstata
  • não sou o SuperMan que eu, meu pai e todos os homens pensam que são
  • pela televisão, num comercial bem feito e muito sério, o governo federal está preocupado com a minha saúde e a minha longevidade. Por diversas razões. Dê uma espiadinha.
Depois de tantas descobertas, só me resta encerrar esta falácia. Não é bem uma falácia. Muito menos uma fanfarronada.
Fanfarronada é dizer "- Nunca fico doente! Os médicos só querem o meu dinheiro e a indústria farmacêutica quer fazer testes comigo! E pegar o meu dinheiro" (já ouvi este tipo de disparate).
A razão disso é a estrutura de saúde do Brasil, que sempre foi uma porcaria e que botou na cabeça da minha geração (e na dos meus pais) que devemos procurar ajuda só no último momento.
Aí já é meio tarde.
Mas a gente acaba dando um jeito.
E pagando por isso.

Se serve de consolo, o que acontece aqui acontece no mundo todo.
Amanhã digo como foi.