segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Tem certas horas que é preciso fechar os olhos, respirar fundo, pedir perdão pelos pecados e então seguir em frente!


Pois é isso mesmo! A gente se esforça, corre, sua, agita. Mas acaba sempre esbarrando num muro: de tijolos, de incompreensão, de preconceitos, de resistência.
Algumas vezes nós mesmos fazemos parte do muro ou até mesmo somos o próprio muro ("- Ele não fica em cima do muro: ele É o muro!" frase pronunciada pelo então vice-presidente do recém fundado Diretório Acadêmico de Computação da UCS, meu colega e parceiro de debates regados ao famoso garrafão de malte escondido Erni Mansueto Sabedot).
Mas um muro é um obstáculo, óbvio isso. E quem se esconde atrás do muro nem sempre tem razão ou usa o muro para tornar a vida de quem está "fora" um inferno. Se não for um inferno, ao menos inferniza quem está fora.
São atitudes como essa que fazem muitas sociedades (comerciais ou não) desintegrarem-se, desaparecer ou (pior) converter-se em um grupo cercado por um muro maior e mais forte que o que estava importunando.
Quando estamos voluntariamente participando de um grupo que tem um objetivo, onde todos devem ser cooperativos e pró-ativos, devemos deixa de lado o interesse (ou estupidez) pessoal e seguir o grupo, fazer parte dele. Mas se (apesar de ser voluntário) eu ergo um muro de incompreensão, preconceito ou mesquinharias, visando minar a confiança e o entusiasmo de quem me cerca, sem nenhuma contribuição efetiva para o grupo, sem nenhuma ponderação que faça valer a pena o meu papel de muro, estarei pronto pra ter um outro muro erguido ao meu redor: as pessoas perderão (se é que tiveram um dia) o respeito por mim e pelas minhas façanhas me isolando cada vez mais e me preterindo em função de outros menos capazes mas aptos a viver em sociedade.
Enfrentar os muros são atividades diárias de quem tem vontade de realizar, que tem que derrubar os próprios muros, que tem que viver na sociedade e para a sociedade. Enfrentar muros faz com q a gente tenha vontade de desistir. Mas os muros caem. Ou são contornados. quando são contornados, que está do "outro lado" acaba virando vítima da própria estratégia. Quando se trabalha com pessoas, com todos os seus próprios pensamentos, julgamentos e muros, enfrentamos muitas dificuldades (repartições públicas são um exemplo disso).
Quando trabalhamos com pessoas que se acham melhores ou mais capazes que outras, não por questões de efetiva avaliação de desempenho mas por simples autoproclamação, sem base nenhuma, temos sérios problemas. E quando se está na posição solitária de líder, esses problemas (pequenos na verdade) tornam-se sérias ameaças ao bom andamente e ao melhor redimento que se espera da tarefa a ser executada.
Por isso o título: "Tem certas horas que é preciso fechar os olhos, respirar fundo, pedir perdão pelos pecados e então seguir em frente!". Estou enfrentando esse tipo de situação. Eu sabia de antemão que isso ia acontecer, mas tu sempre espera que as pessoas mudem. Elas não mudam. Ainda bem que são poucos muros. Alguns mais baixos que os outros, é verdade, mas uma boa dose deles.

O maior muro que se pode erguer em torno de si mesmo é composto pela SOBERBA e pela BAZÓFIA e pelo PRECONCEITO.
Uma vida solitária, amarga e saudosista.
Uma vida chata, mesquinha e vazia.
Chega de muros.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Merd Music

Resolvi colocar no ar mais uma peça de incrível criatividade literária.
Na verdade, é uma crítica: carnaval findo, o que é feito do carnaval?

Cada vez mais o carnaval, maior festa popular do mundo, está morrendo. Feito a Floresta Amazônica. Lentamente, vão cortando as pontinhas, apagando a memória do povo e, num futuro próximo, haverá apenas aquela coisa profissional, complexa e televisiva do carnaval carioca (sempre glamuroso e técnico) e paulista (cada vez mais glamuroso e técnico).

E aquela outra coisa apavorante chamado "carnaval baiano", onde o apelo ao sexo e ao desligamento total do indivíduo em função de fazer parte de um "bloco" são a regra geral. As tais manifestações culturais que tanto se falam estão apenas nas relações entre os artistas que executam a trilha sonora.
Quem faz o NEGÓCIO carnaval está pouco se lixando pra cultura popular.
Fazer a "dança da manivela" (é coisa antiga eu sei, mas serve de exemplo) não acrescenta cultura à ninguém.
O "arrocha" e outas novidades também não.
Não me venham falar que tem cultura nisso.
É apenas negócio, coisa de mafioso.
Os turistas sustentam essa "cultura", pessoas que não tem absolutamente nada a ver (e nem querem mesmo saber de nada: querem mesmo é beber muito, usar alguma droga, agarrar quem estiver do lado, ser promíscuo, ser violento. Se "divertir".) com a tal cultura local.
Muita gente que gosta da cultura baiana sai da Bahia durante o "fervo" porque a cidade fica insuportavelmente cheia de gente estranha e que acham q Salvador é um imenso bordel.
Tem ainda uma outra coisa, muito interessante e tão complexa e rica quanto o carnaval de rua carioca e paulista: o Nordeste, com suas bandas de frevo, seus maracatus, verdadeiras manifestações culturais que (ainda) preservam a cultura local.
Mas essa também é uma tradição que pouco à pouco vai morrendo, junto com os mais velhos e idealistas, e perdendo espaço para o comércio selvagem da música brasileira.
Talvez daqui duas gerações o frevo, o maracatu, o boi-bumba sejam tão regionais e desconhecidos como as tradicionais danças e costumes do Rio Grande do Sul, onde aliás, tem MUITA coisa que tentam passar como cultura e é apenas comércio, não acrescentando nada.

Não sou contra o carnaval.
De jeito nenhum.
Apenas acredito que a maior festa popular do mundo vá acabar graças ao comércio desenfreado que acaba com a música e a cultura no Brasil.
E quando acabar, ninguém vai dar a mínima bola, porque "- Carnaval tem o ano todo!" segundo quem vende isso.
E o"carnaval" então será apenas barulho.
E não somente barulho: vai ser barulho ruim.

Século XXI, o século da Merd Music!!!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Hoje também aconteceu o seguinte: primeiro ensaio do bandão da Festa da Uva 2008.

Ainda falta gente, mas vai ficar muito bacana.

Em torno de 100 músicos tocando no desfile, algo inédito em todas as Festas da Uva.

A idéia veio da organização dos desfiles, na pessoa do Vinícius Ribeiro. Eu gostei do plano e me dispus a montar o arranjo das músicas (serão duas apenas) e de coordenar os ensaios gerais.

Pena que muitos músicos de bandas marciais talvez nem estejam sabendo, apesar de todos os contatos que a gente fez.

E pena mesmo das escolas que disseram ser "impossível" chamar os componentes das bandas antes do início das aulas.

É, tem gente que acha que "cultura" é um monte de livros guardados à chave numa estante.

Mas o entusiasmo dos que estão trabalhando nessa idéia é visível e todos só querem fazer o melhor.

Já estão todos convidados: assistir aos desfiles (que serão vários) e aplaudir entusiasticamente (e cantar e dançar também) a grande novidade de todas as Festas da Uva: o bandão da Festa da Uva 2008.

Uma fotinho da galera ralando hoje á tarde:

Depois de vários dias...



Depois de vários dias ausente, devido aos acontecimentos que me cercaram, cá estou eu a jogar conversa fora.


Depois de uma estressante semana (trabalhos e ensaios para a Festa da Uva 2008), aconteceram duas coisas interessantes.


A primeira delas foi encontrar amigos músicos do tempo do EPA e falar sobre os antigos carnavais, onde a gente tocava e acabava até se divertindo. Eutoquei 20 (fora os carnavais de inverno e os finais de ano e os "gritos de carnaval" como eram conhecidos os bailes onde rolava um clima carnavalesco puro).


Um dos caras chama-se Abel: cantor muito talentoso que fez parte da lendária banda caxiense Lobo da Estepe e mais tarde da não menos lendária Ego Mecanóide. Cantou também em outros grupos até que resolveu parar e deixar essa vida devassa... Isso é o que eu falo pra ele, porque todo mundo pensa que músico é devasso, beberão e drogado. Tem uns que são, infelizmente. Mas tem metalúrgico assim, tem grandes empresários que são assim também. Não tem nada a ver, mas também tem... Vá saber...


O outro cidadão chama-se Joel, tocava guitarra e cantava na banda Abertura. Parou com isso e agoa tem um estúdio de gravação, uma beleza. Seus filhos são músicos igualmente talentosos e reconhecidos na cidade e até nacionalmente. mas o que mais facina na figura do Joel foi um trabalho que ele fez há mais de 10 anos: ele gravou o disco do RONEI!!!


Prá quem não sabe O QUE e QUEM É o RONEI, pergunte a quem conhece. Ronei é o ídolo invisível de uma legião de fãs.


É o artista que queria ser famoso mas que não suporta a fama. A história desse disco é tão fenomenal que parece coisa de filme. Aliás, um filme deveria ser feito sobre essa pessoa tão interessante e misteriosa que é o artista gravado pelo Joel. Prá vocês terem uma idéia, Sandi & Júnior conhecem e cantam as músicas do Ronei.


Mas o que tem isso de interessante?


Pois bem: eu fui o responsável pelo aparecimento em público do grande ídolo. Não sei se isso é bom ou mau. Sei que fikei famoso por tabela. Mas nem aos pés da fama do mestre.


Para ilusrar a matéria então, fotinhas: uma do xou, outra do encontro entre o criador da criatura e a criatura que mostrou que o rei não é lenda, apesar de ser lendário.