quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Merd Music

Resolvi colocar no ar mais uma peça de incrível criatividade literária.
Na verdade, é uma crítica: carnaval findo, o que é feito do carnaval?

Cada vez mais o carnaval, maior festa popular do mundo, está morrendo. Feito a Floresta Amazônica. Lentamente, vão cortando as pontinhas, apagando a memória do povo e, num futuro próximo, haverá apenas aquela coisa profissional, complexa e televisiva do carnaval carioca (sempre glamuroso e técnico) e paulista (cada vez mais glamuroso e técnico).

E aquela outra coisa apavorante chamado "carnaval baiano", onde o apelo ao sexo e ao desligamento total do indivíduo em função de fazer parte de um "bloco" são a regra geral. As tais manifestações culturais que tanto se falam estão apenas nas relações entre os artistas que executam a trilha sonora.
Quem faz o NEGÓCIO carnaval está pouco se lixando pra cultura popular.
Fazer a "dança da manivela" (é coisa antiga eu sei, mas serve de exemplo) não acrescenta cultura à ninguém.
O "arrocha" e outas novidades também não.
Não me venham falar que tem cultura nisso.
É apenas negócio, coisa de mafioso.
Os turistas sustentam essa "cultura", pessoas que não tem absolutamente nada a ver (e nem querem mesmo saber de nada: querem mesmo é beber muito, usar alguma droga, agarrar quem estiver do lado, ser promíscuo, ser violento. Se "divertir".) com a tal cultura local.
Muita gente que gosta da cultura baiana sai da Bahia durante o "fervo" porque a cidade fica insuportavelmente cheia de gente estranha e que acham q Salvador é um imenso bordel.
Tem ainda uma outra coisa, muito interessante e tão complexa e rica quanto o carnaval de rua carioca e paulista: o Nordeste, com suas bandas de frevo, seus maracatus, verdadeiras manifestações culturais que (ainda) preservam a cultura local.
Mas essa também é uma tradição que pouco à pouco vai morrendo, junto com os mais velhos e idealistas, e perdendo espaço para o comércio selvagem da música brasileira.
Talvez daqui duas gerações o frevo, o maracatu, o boi-bumba sejam tão regionais e desconhecidos como as tradicionais danças e costumes do Rio Grande do Sul, onde aliás, tem MUITA coisa que tentam passar como cultura e é apenas comércio, não acrescentando nada.

Não sou contra o carnaval.
De jeito nenhum.
Apenas acredito que a maior festa popular do mundo vá acabar graças ao comércio desenfreado que acaba com a música e a cultura no Brasil.
E quando acabar, ninguém vai dar a mínima bola, porque "- Carnaval tem o ano todo!" segundo quem vende isso.
E o"carnaval" então será apenas barulho.
E não somente barulho: vai ser barulho ruim.

Século XXI, o século da Merd Music!!!

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